Educação Musical

Textos de Junior Castro Parente

Uma breve reflexão sobre o saxofone. *Por Junior Castro.

O saxofone é um instrumento maravilhoso, tanto em sua engenharia quanto em sua sonoridade. Foi inventado por volta de 1840, por um construtor e projetista de instrumentos musicais chamado Adolphe Sax. Sua proposta era criar um instrumento de sopro com maior gama de possibilidades timbrísticas e dinâmicas. Seu objetivo foi alcançado, e na atualidade o saxofone é um dos instrumentos de sopro mais utilizados dentre os mais variados grupos e formações musicais.

Ao iniciar os estudos no instrumento, o indivíduo deve ter em mente que executar o que está em sua mente não é instantâneo, e deve-se dedicar boa parte de seu tempo para que alcance seus primeiros objetivos. Aconselha-se antes de tudo que se procure um bom professor, para que seja traçada uma boa rotina de estudos e evitem-se os chamados vícios.

O primeiro contato com o instrumento é fascinante! Porém, após alguns minutos de tentativa, o estudante sente os efeitos de sua falta de prática. Isso é comum em qualquer área de estudos, pois não se pode ter consciência de algo que nunca se praticou. Mas os frutos do esforço e dedicação logo são colhidos, e o novo saxofonista percebe que, com uma boa orientação, vai conquistando a cada minuto de prática uma consciência musical, que se torna cada vez mais consistente. A partir desse momento, o saxofonista sente como se o instrumento fizesse parte de seu corpo físico, ou como se fosse um órgão removível. É uma sensação incrível, e isso nos faz ficar cada vez mais encantados com esse instrumento magnífico!

Explanação sobre a música instrumental no norte do Brasil. *Por Junior Castro.

Assim como em outras áreas geográficas brasileiras, a região norte possui riquezas culturais inestimáveis. No âmbito musical é possível encontrar diversos estilos, entre eles: carimbó, marambiré, curimbó, lambada, lundu e beiradão. Porém, a música instrumental nortista tem sido pouco divulgada pelo país, comparada a outros estilos instrumentais, como o chorinho carioca e o frevo pernambucano. Parte dessa falta de divulgação deve-se a localização geográfica dos estados do norte, que são os mais isolados do país e com a menor porcentagem de habitantes.

Ao contrário do Rio de Janeiro e Pernambuco que são litorâneos, os estados da região norte são na verdade mais próximos de outros países, como a Venezuela, Bolívia, Peru, Colômbia e Guianas por exemplo. Nos estados do Acre e Amazonas, que fazem fronteira com Bolívia e Peru, são ouvidas constantemente músicas andinas, com aquela sonoridade serena e melodiosa. Essa música típica dos Andes reflete muito na musicalidade dos acreanos e amazonenses, e em Manaus há diversos grupos que executam músicas instrumentais, unindo a influência andina com a música nortista brasileira. Um dos mais famosos é o grupo amazonense Raízes Caboclas, que utiliza diversos instrumentos de percussão artesanais e diversas flautas.

Ainda no estado do Amazonas, encontramos diversos nomes que fizeram história com a música instrumental nortista, como os músicos Chico Caju e o lendário Teixeira de Manaus. Em suas músicas é possível sentir a influencia da música venezuelana, indo do merengue dançante a cumbia. No entanto, o saxofonista Teixeira de Manaus mergulhou mais profundamente às raízes musicais das regiões norte e nordeste do país. Tocava com seu saxofone enérgico pelas comunidades ribeirinhas do Amazonas, animando os bailes e festas na década de 1980. Dessa maneira, tocando em diversas comunidades amazonenses às beiras de rio, e com essa mistura de influências caribenha, nordestina e amazônica, Teixeira criou um estilo próprio de tocar, o chamado Beiradão.

No estado do Pará também há grandes talentos musicais, que assim como os citados anteriormente representam muito bem a música do norte. Em certos aspectos os saxofonistas paraenses que pesquisam a música amazônica assemelham-se aos amazonenses. Suas influências musicais são muito próximas, e muitas delas estão ligadas à música nordestina e caribenha. Dos saxofonistas paraenses que mais se destacaram no contexto regional, podem-se citar dois nomes: Manezinho do Sax e Pantoja do Pará. No entanto, diferentemente do estado do Amazonas, não foram os saxofonistas que mais se destacaram representando a música regional paraense, mas sim os guitarristas. Não é a toa que muitos deles são conhecidos mundialmente como Mestres da Guitarrada. Os três mais representativos são: Mestre Vieira, Mestre Curica e Mestre Aldo Sena.

O título "mestre" não provém de títulos acadêmicos, mas se deve ao reconhecimento e respeito que seus conterrâneos têm por sua musicalidade. Suas principais influências vêm do carimbó, choro e estilos caribenhos. Os três mestres tem importância significativa para a cultura musical paraense. Dentre eles o que mais se destaca no cenário musical nacional e internacional é Mestre Vieira. Sua linguagem remete ao carimbó e a estilos caribenhos. Por sua autenticidade no ano de 2002 foi eleito pelos escoceses e ingleses e como o melhor guitarrista do mundo.

Vemos até aqui que a música da Amazônia brasileira foi e é muito bem representada, e que a cada geração surgem novos pesquisadores e mantenedores da cultura regional. Desse modo, esperamos que em breve nossa música instrumental tenha o devido reconhecimento, dentre as demais regiões brasileiras e mundo afora.

O instrumento musical imaginário. *Por Junior Castro.

A mente humana possui tantas capacidades de criação e adaptação, que nem mesmo com todo o conhecimento herdado de inumeráveis gerações, se pode descrevê-la detalhadamente. Porém, a neurociência busca a cada dia compreender de que forma o nosso cérebro se comporta, perante as mais variadas situações. Dentre as diversas áreas de estudo, o cérebro humano é capaz de explorar ao máximo suas capacidades, para que o indivíduo aprenda e conscientize-se dos elementos de sua área.

A música é uma arte de expressar-se com a voz, instrumento musical ou até mesmo com o silêncio intercalado entre os sons. Ela estimula diversas regiões do cérebro, dependendo de que forma o indivíduo a ouve ou executa. Se tratando de cantores e instrumentistas, geralmente estes usam sua voz ou mesmo seu instrumento para intercalar os sons e silêncios, combinando assim os elementos básicos da música.

Em cada região do planeta, a música é compreendida e sentida de maneiras distintas, assim como cada pessoa tem sua forma de se expressar ou não com ela. No entanto, quem toca um instrumento musical, se quiser evoluir no mesmo e executar um repertório, tem que dedicar-se de certa maneira, para poder então acionar diversas áreas de seu cérebro, criando assim novas conexões neuronais. Sabe-se que a cada vez que o indivíduo pratica um mesmo exercício ou algo similar, suas conexões neuronais ficam mais firmes e cada vez mais interligadas e enraizadas.

Deste modo, é importante manter uma rotina de estudos, para se alcançar altos níveis de execução instrumental, além de adquirir cada vez mais consciência do que se está fazendo. Mas nem todo o músico tem um espaço para estudar seus exercícios, ou mesmo possui o instrumento. Então, pode haver uma maneira mais viável de se praticar escalas musicais ou arpejos, mesmo não tendo o instrumento? Em parte a resposta é sim, e o cérebro é a xarada!

Como foi dito anteriormente, o cérebro é um órgão poderoso, capaz de criar e aprender a todo o instante. Mas focando-se na questão da prática sem instrumento, de que maneira eu posso praticar escalas musicais e arpejos, mesmo sem possuir o instrumento fisicamente? O cérebro humano é quem controla todas as atividades motoras voluntárias, e quem toca um instrumento musical necessita praticar bastante os dedilhados, para poder executar instantaneamente as séries de notas musicais.

Podemos tomar como exemplo o saxofone moderno, que possui 23 chaves. Para se dedilhar com destreza cada nota é preciso usar cada um dos dez dedos das mãos, inclusive o polegar de apoio direito em técnicas mais avançadas.

Sem mais delongas, podemos praticar exercícios cerebrais para executar dedilhados diversos, mesmo sem o instrumento em mãos. Lemos ou tentamos memorizar determinada sequência de notas (exercícios), e posteriormente imaginamos o instrumento em nossas mãos. Posiciona-se cada um dos dedos como se estivesse segurando e apoiando o instrumento. Esse é um macete interessante, pois mesmo quando estivermos em uma viagem de trem, barco ou avião, é possível praticar mentalmente os dedilhados, sem precisar atrapalhar o sono ou descanso de ninguém, pois o exercício só soa na nossa mente.

É óbvio que essa é também uma técnica de autocontrole mental, e para alcança-la é necessário que se mantenha um foco, e acima de tudo concentração. Porém, é bastante possível que se pratique no saxofone ou em qualquer outro instrumento musical dessa maneira, e assim, evoluir na questão da coordenação motora e da execução dos mais diversos dedilhados, mesmo sem o corpo físico do instrumento em suas mãos.

Oficinas

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Seguem abaixo algumas opções temáticas de oficinas e workshops que ministrei e que você pode levar à sua escola ou a outro espaço de seu interesse:

  • Saxofone - Uma Extensão da Mente Sonora

  • O "Sotaque" Amazônico do Saxofone

  • Um Despertar à Criatividade Musical