O som do sax amazônico na década de 80

Teixeira de Manaus e Chico Caju

Na década de 1980 (ainda acontece hoje, mas com menos frequência) o som do saxofone alto animava as festas dos interiores da região norte do país, principalmente nos estados do Amazonas e Pará. Dois grandes saxofonistas se destacavam no contexto musical da época. Um deles era Teixeira de Manaus, que fez muito pelo saxofone nortista e pela música instrumental amazônica. Suas músicas contagiavam as comunidades do Amazonas, os ribeirinhos, as beiras de rio. Era um tremendo sucesso nos interiores e nas rádios aquele refrão: "Abra sua porta deixe meu sax entrar", onde Teixeira intervinha com seu saxofone expressivo e com aquele sotaque caribenho e amazônico. Essa mistura de linguagens musicais deu muito certo, pois as músicas tinham um swing sem igual! Com toda sua experiência, estudo e percepção musical, Teixeira de Manaus adquiriu identidade própria, e assim criou um estilo muito característico, chamado Beiradão.

Outro saxofonista muito aclamado nos palcos amazônicos na década de 80 foi o amazonense Chico Caju. Assim como Teixeira de Manaus, Chico viajou muito pelos interiores do Amazonas, levando o que havia de melhor em contexto musical nortista daquela época. Suas melodias remetem ao choro do Rio de Janeiro, ao baião nordestino, ao xote e ao carimbó típico do Pará. Uma das músicas que mais marcaram foi a que contava um pouco de sua história, onde era dito: "Eu sou do Amazonas, filho de Manaquirí, pertinho do Guajará, terra do Bacurí. Tem um italiano, da terra do cupuaçu. Forró é animado com o sax do Caju"! A melodia desse trecho é incrivelmente linda, composta em contexto tonal, mas muito bem associada à letra que descreve o breve histórico de Chico Caju. Não posso deixar de comentar a respeito da linda resposta de saxofone que Chico incorporou a essa música. Melodioso, e com um sotaque totalmente amazônico e uma rítmica sincopada e muito bem articulada, Chico expressou nesse momento algo que marcou o auge de sua carreira.

Contudo, apesar de todo o auge que esses dois saxofonistas alcançaram na década de 80, pouco se ouve falar deles hoje em dia, devido à cultura de massa, que aos poucos consome ou subtrai a cultura típica e os regionalismos das mais variadas regiões. Mesmo assim, me esforço como saxofonista e admirador do trabalho desses exímios músicos, para levar até você leitor algumas informações que consegui colher ao longo de minhas pesquisas acerca de Teixeira e Chico.